sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Novela nossa de cada dia

Por Kaliu Andrade

Tem dias que o que desejamos mesmo é filosofar. Outros que nada parece ser concreto e ter plenitude para escrever. E tantos outros dias que as palavras fluem com naturalidade.
A mais de uma semana com vontade de colocar no papel um pouco do que quero falar e não encontro as palavras. Nem rabiscar procurei rabiscar. Em meio a um turbilhão de novidades, meus olhos me pregaram uma peça. Digamos assim... Um caminho sem volta, por que é como conhecemos carinhosamente a filosofia (ou pelo menos filosofando).
Assistindo o desfecho de uma novela parei para pensar em quantos segundos diários dura uma vida na televisão. Com tantas tramas, seria possível eu viver uma vida como nas novelas? Viver alguns poucos minutos e sair do trabalho com a cara mais disposta do mundo pra pegar um jantarzinho, uma balada, chegar altas horas em casa e no outro dia está inteiraço? Me questionei.
Depois voltei atrás, afinal não sei qual personagem me dariam. Já pensou se me escolhem para aquele papel de bonzinho que sofre a novela inteira e no final vai ser feliz bobamente. Gozar nos últimos minutos da novela!? Ah não! Sinto muito mais isso é castigo de vilão. Por que depois do último capítulo, já foi a vida dos personagens acabou. E aí!? O que adianta ser feliz no último capítulo? N-A-D-A.
Porém por outro lado viveríamos o amor utópico, ou pelos menos “morreríamos” felizes e nossa vida seria “eternamente” um mar de rosas. É interessante discutir a vida real como novela afinal é isso que fazemos todos os dias. Seja com os colegas de trabalho, seja com os amigos, vizinhos. Sempre o alheio vira pauta para mais uma conversa. E vamos desenrolando tramas que se entremeiam de forma tão eficaz que assimilamos personagens que nada tem de fictício.
Todos os dias escrevemos estórias e as contamos com uma narrativa peculiar e com personagens riquíssimos. Mesmo assim nos demos ao luxo muitas vezes de reclamar do tédio e ver nas novelas uma distração. Não seria mais fácil se prestássemos atenção na nossa própria novela que nasce e renasce todos os dias? Por que a cada dia escrevemos um novo capítulo e esta trama sempre é novidade.

Um comentário:

Alexandra Matos disse...

Que bom que retornastes a escrever por aqui, sempre dou uma conferida. Estranhei sua ausência, mas a partir do teu nome em um mecanismo de busca na internet, descobrir tua coluna em um site do interior do Estado. Mandando bem hein!? Parabéns! Gostei da crônica!